Um pouco antes do final de 2016, estive em um bar onde uma banda tocaria sucessos do Black Sabbath. Passava das vinte e duas horas quando os músicos subiram ao palco. Lembro que no mesmo instante um casal chegou e se posicionou próximo ao balcão. Enquanto a mulher, sentada em um banco passava a alternar seu tempo entre manusear um celular e beber cerveja, a música rolava. Simultaneamente o homem que a acompanhava e que aparentava ter em torno de sessenta anos, começava um show a parte. Sua performance passava a dividir minha atenção. Com movimentos que só cessavam nos curtos intervalos entre uma música e outra, ele fazia solos maravilhosos em sua guitarra imaginária. De olhos fechados, seu corpo em alguns momentos parecia ter sido deixado pela alma que passava a visitar um mundo particular. Naquele momento de perfeita comunhão entre ele e a música nada mais o atingia além das ondas sonoras emitidas pela voz e pelos instrumentos que vinham das potentes caixas de som. A impressão que dava é que se a vida acabasse naquele instante ele seria o único a não perceber, pois já estava num paraíso tendo chegado sem dor, sem peso, sem arrependimentos. Levaria daqui apenas o sentimento de êxtase proporcionado pela música, paixão que nem o tempo ousou em diminuir.
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