quarta-feira, 19 de abril de 2017

Índios


Invadiram a terra e passaram a se dizer donos.
Espalharam sangue e destruição.
Escravizaram, roubaram, estupraram, mataram.
Não respeitaram a cultura nativa; ignoraram qualquer sentimento.
Derrubaram florestas, poluíram rios, exterminaram vidas.
Plantaram maldade onde não existia. 
Acabaram com a paz, trouxeram doenças.
Quiseram ensinar o que consideravam certo. Ensinaram a rezar.
Reduziram e continuam reduzindo ao mínimo os espaços aos que resistem ao tempo.
Está difícil plantar, está difícil pescar.
Onde havia peixe, agora é só veneno.
Onde havia árvore, agora é só asfalto.
Onde havia bicho, agora é só gente que não compreende a importância da natureza.
No lugar da alegria, hoje resta uma agonia, um aperto no peito diante da constatação de que tudo está se perdendo e de um futuro um tanto quanto incerto.
Os verdadeiros brasileiros continuam em estado de extinção.
Pode ser que as gerações futuras vejam os índios apenas em desenhos, fotos ou nas tatuagens que vão estampar os corpos dos filhos daqueles que foram responsáveis pelo extermínio de uma raça.
Mas ainda assim, para compensar tudo que foi tirado, lhes foi dado um dia para comemorar. 
Comemorar o quê?

Eduardo C. Cardoso

domingo, 9 de abril de 2017

Parque Malwee Além do que os Olhos Veem


Muitas vezes andando a passos apressados e envolvidos por pensamentos que não param e não nos deixam perceber o mundo que há à nossa volta, deixamos de viver experiências fantásticas. Enxergamos apenas aquilo que está à nossa frente e mesmo assim, sem muita atenção. 



O Parque Malwee é um desses lugares mágicos que nos propiciam momentos encantadores. Com mais de 35 mil árvores e 17 lagoas distribuídos em 1,5 milhão de metros quadrados, não há como você não se sentir bem neste ambiente. 



A brisa refrescante é um dos cartões de visita. Este lugar inevitavelmente me traz muitas reflexões. Mesmo sendo um local muito bem cuidado, infelizmente não é raro ver lixo há meio metro de uma lixeira. 



Fico imaginando como pode alguém ser tão insensível diante de tanta beleza e de um lugar em que toda a estrutura e o acesso é totalmente gratuito. Imaginem se um dia os proprietários resolvem fechar este paraíso por se aborrecerem com esta situação que vem se repetindo. 



Enquanto vejo as pessoas passando com seus fones de ouvido, tento imaginar o que há de mais atraente saindo de seus aparelhos celulares do que o canto dos vários corais de pássaros. Mesmo quando temos a oportunidade de tal contato com a natureza, parece que insistimos em nos distanciar dela; a nossa verdadeira casa.


“Dependemos da natureza não apenas para a nossa sobrevivência física. Precisamos dela também para mostrar-nos o caminho para dentro de nós, para libertar-nos da prisão da mente. Ficamos perdidos fazendo coisas, pensando, lembrando, prevendo – perdidos nas complicações e num mundo de problemas.”¹



Lugares como este nos permitem pelo menos por alguns segundos, silenciar a mente. Eu particularmente consigo alcançar este estado no momento em que me preparo para fotografar um inseto, um pássaro ou algum outro animal. 



Consigo também quando chego ao local por volta das seis e meia da manhã, quando raramente há alguém além de mim e então calmamente paro para ver as pequenas formas de vida que se espalham pelo parque. 



Durante estas experiências percebo o quanto é difícil calar aquela voz que insiste em nos falar por todo instante durante nossa vida. Como é difícil ter o autocontrole, como é difícil deixar de errar!



“Inútil vencer, numa batalha, milhões de homens. Vencer-se a si é a maior vitória.”²

Referências

1 - Eckhart Tolle. O Poder do Silêncio. Rio de Janeiro. Sextante. 2005.

2 - Morgana Gomes. A Vida e o Pensamento de Buda. São Paulo. Minuano Cultural.