terça-feira, 13 de dezembro de 2016

Refúgios


Quando eu vou pr'esses lugares, longe dos prédios, dos carros, do asfalto... longe do barulho, das pressões, dos maus sentimentos... me sinto como se não estivesse nesse mundo.

É nesse momento que me desligo de tudo... nada me incomoda. Uma felicidade extraordinária toma conta do meu ser. Todo o peso dos meus ombros vai-se embora... me sinto muito leve.

O mais puro ar invade os meus pulmões, o som predominante vem do canto dos pássaros, do balançar dos galhos e das folhas das árvores, do correr das águas... não há intervenção humana em nada.

As borboletas voam em minha direção, elas não conhecem a maldade. Os pássaros cantam sem parar, como se estivessem em prece agradecendo as maravilhas dadas pelo criador. As folhas caem em movimento lento, de um lado para o outro como se fossem fadas a brincar.

O spray que vem das cachoeiras e que encontra o meu corpo, parece me purificar. Nesse sagrado momento, nada de ruim me atinge... nenhum pensamento, nenhum sentimento... nada.

Eu acredito que em algum lugar, um dia, todos poderão viver esses momentos por toda a eternidade... e eu quero fazer por merecer.

Eu acredito... que a vida é muito mais do que vivemos no dia-a-dia.

Eu acredito que a vida em sua essência, têm muito mais a ver com esses momentos tão puros e singulares.

domingo, 11 de dezembro de 2016

Carecas da Jamaica


Se me derem um pedaço de plutônio
Minha turma se encarrega de explodir
A pobreza das idéias dessa gente
Que comanda o shopping-center do país
Cada vez que a corja fala de cultura
Glauber quer quebrar a tampa do caixão
Cada povo tem o novo que merece
E o Menudo vem com tudo e com razão

Aos poetas, luz e sombra
Chatôs e chandons
Aos piratas do subúrbio
Galeras do rei
Às piranhas, carne fresca
Turistas no Rio
Aos carecas da Jamaica, nada, nada

Se me derem
Se me derem um pedaço de plutônio
Minha turma se encarrega de explodir
A pobreza das idéias
A pobreza das idéias dessa gente
Que comanda o shopping-center do país
Vinde a mim as criancinhas do Nordeste
Que eu ensino a fome a receber cachê
Deixa estar, Godard, que a estrela do Oriente
Nos enreda nessa rede de TV

Aos poetas, luz e sombra
Chatôs e chandons
Aos piratas do subúrbio
Galeras do rei
Às piranhas, carne fresca
Turistas no cio
Aos carecas da Jamaica, nada, nada

Cada povo tem o novo
Cada povo tem o novo que merece
Aos piratas do subúrbio
Às galeras do rei

Augusto Licks / Nei Lisboa