Em um parque, numa pequena cidade interiorana, um homem estava rodeado por crianças que em silêncio ouviam atentamente suas palavras. Curioso, um outro cidadão que passava pelo local se aproximou e se pôs a ouvir também. O parque era um local em meio à natureza e cheio de pássaros com os mais belos e variados cantos. O homem que falava às crianças dizia que entendia a linguagem dos pássaros e então traduzia aos pequenos o que as aves estavam dizendo. Eram sempre palavras positivas, alegres, de agradecimento pelo meio em que viviam. Encantado, o homem que assistia a cena resolveu convidar o outro para visitar sua casa e ele aceitou. Chegando lá, viu que havia várias gaiolas com muitas espécies de pássaros que se puseram a cantar ainda mais do que já o faziam, aumentando o entusiasmo do anfitrião. Admirado, o dono da casa disse nunca ter visto os pássaros cantarem tanto e que pareciam estar muito contentes com a presença do intérprete. Até mesmo o pássaro mais silencioso do qual ele nunca havia escutado se quer um pio estava a cantar. Não se contendo o proprietário da casa perguntou ao visitante o que eles estavam dizendo. O homem disse: na verdade eles estão pedindo que eu tente convencer você a deixá-los partir. Gostariam de poder aproveitar melhor a condição que Deus os deu de poder voar livremente sobre as árvores, sobre os rios e também de poder escolher o próprio alimento. Dizem também que gostariam de estar com os outros pássaros e que não entendem qual foi o erro que cometeram para terem sido condenados a passar o resto de suas vidas presos em uma gaiola. Naquele momento, já com uma expressão totalmente inversa àquela de instantes atrás, o anfitrião agradeceu a presença do intérprete e disse que ele já poderia ir embora.